Rafael
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14 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 2 replies · 0 points
- "Quando alguém vai chamar à realidade o tamanho pequenino do bolsa família?" - Certa ou errada, a teoria do Singer comporta a idéia de uma oposição que questiona o valor da Bolsa Família (e dos demais programas sociais, de resto). Se entendi bem o argumento dele, o que muda com o governo Lula é o fato de que a própria existência de programas sociais de transferência de renda deixa de ser questionada. O horizonte dos debates deixa de ser "deveríamos transferir renda para os mais pobres?" para virar "quanto deveríamos transferir?". Isso me leva ao segundo ponto.
- "Já não tinha ninguém importante defendendo o fim do Bolsa Escola" -- este é um erro factual, não de interpretação. Há vídeos no youtube da campanha do Lula em 2002 em que ele ataca frontalmente os programas de transferência de renda. Em vários sentidos, o PT era a única força política no país que tinha disposição e (relativo) apoio para mudar o status quo estabelecido na década de 90, do qual os programas de transferência de renda eram parte. Uma vez que o partido chega ao poder e reforça esse status quo em vez de combatê-lo, temos a cristalização de determinadas práticas políticas no país. É por aí que divirjo do Singer, pois, se o governo do FDR foi de transformação e consolidação, o governo Lula foi de reprodução e consolidação. FDR representou mudança, Lula representou o reforço da continuidade, mas ambos deixaram como herança (e é nessa direção que Singer acerta) um forte enraizamento da atuação do Estado por meio de políticas sociais, de modo que a idéia de sua extinção fica fora do alcance do debate público. Sem o PT para criticar a idéia de transferência de renda, ninguém vai mais fazê-lo.
14 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 0 replies · +1 points
14 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 4 replies · +1 points
Quanto a colocar na direita o pessoal do fisiologismo, podemos discutir os critérios, mas foi isso que fiz mesmo. Não consigo pensar em uma liderança política atual de direita libertária, defendendo no debate público a diminuição do tamanho do Estado brasileiro ou a flexibilização da CLT. O André Singer tem publicado uns artigos defendendo que o governo Lula cristalizou a ajuda social por parte do Estado brasileiro, de modo que esse tema saiu do debate eleitoral -- não tem ninguém importante defendendo o fim do Bolsa Família. Acho um pouco exagerada a comparação que o Singer faz entre o Lula e o FDR, mas a direção me parece correta. A agenda do debate político brasileiro é de centro-esquerda, e aos conservadores tem sobrado, no meu juízo, o papel de garantir seu lugar no Estado e administrar os eventuais prejuízos. Estão desempenhando muito bem.
14 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 7 replies · +1 points
Os avanços sociais que o Brasil conquistou nos últimos anos têm um impacto mínimo sobre os interesses mais bem organizados do país. O Bolsa Família, por exemplo, não exigiu qualquer tipo de conflito da parte do Lula: pelo contrário, acabou dando mais uma fonte de poder para os prefeitos de pequenas cidades miseráveis, que controlam o acesso ao benefício. Fora isso, os setores financeiros não estarão preocupados com um benefício de R$60,00 enquanto eles estiverem tendo crescimentos sucessivos de mais de 30% (o país está pulando de alegria por causa de 7% este ano). Esses incrementos marginais de melhoria social brasileira são um preço baixo que os conservadores pagam para que tudo continue como está.
14 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 1 reply · +1 points
A direita a que me referi é a identificada com o conservadorismo no país, em oposição às forças "progressistas", para dizer assim. Já que estávamos falando de alianças políticas, quero crer que estava clara a exclusão de uma concepção de direita "de corte econômico", que, muitas vezes, se identifica com os objetivos de grupos identificados como "de esquerda", mas diverge de seus meios. É nesse sentido que não posso admitir, de jeito nenhum, que Lula e FHC sejam considerados líderes de duas forças políticas opostas -- admitindo-se o pigeonholing, eu os colocaria na gavetinha da esquerda e só os diferenciaria por adjetivos delimitadores como liberal, social, ou o diabo. Alguns políticos com os quais eles fizeram alianças, entretanto, vão para a gavetinha da direita, e é isso que eu chamei de "distorção de alianças". Lula, Serra e FHC representam, na minha opinião, uma corrente de modernização do país e de superação de condições históricas de atraso social e econômico. Sarney, ACM et alli representam uma força reacionária, que tem se aproveitado muito bem da birra entre seus adversários para perpetuar-se no poder.
14 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 21 replies · +1 points
Isso me leva à sua afirmação de que "só no Brasil nós temos a esquerda no poder desde 1994". Isso é verdade se pensarmos na presidência da república, que é a parte mais visível do poder. A direita, porém, nunca deixou de governar o país, principalmente no que diz respeito aos cargos de menor visibilidade e grande rentabilidade. Não estou falando de uma direita ideológica, mas das forças mais pragmaticamente reacionárias do país: ACM, Sarney, Calheiros. PT e PSDB têm força para esvaziar o poder desses caras, mas estão muito ocupados decidindo se o pior é ser "terrorista" ou "fujão" (são dois dos melhores quadros do país!).
Resisto, portanto, à sua tese, que de resto é bastante interessante, de que a polaridade PT e PSDB sustenta uma hegemonia de centro-esquerda no pais. A despeito dos avanços dos últimos anos, os governos Lula e FHC -- e suas respectivas alianças distorcidas -- legitimaram e reforçaram o predomínio da direita no comando da máquina pública brasileira. Separados, não tiveram forças para desafiar os "donos do poder" e prestaram um desserviço enorme ao futuro do país. Sobrou mesquinharia e faltou visão estratégica.
14 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 27 replies · +4 points
- o PT vai querer mais espaço do que teve no governo Lula
- o PMDB vai querer mais espaço do que teve no governo Lula
O Lula está segurando essa bomba desde 2005, pelo menos, e, no que diz respeito à imagem pessoal, lidou muito bem com as consequências do fisiologismo que iam vazando aqui e ali na imprensa. Meu chute é que nos próximos dois anos as denúncias de corrupção virão em ainda maior quantidade e, se a imagem da Dilma não aguentar a pressão, a base vai se desestabilizar e a situação pode ficar bem tensa. Apesar do catastrofismo, creio que seria uma boa oportunidade de PT e PSDB perceberem o mal que essas alianças distorcidas fazem a ambos e se unirem contra o PMDB. Eu sou o primeiro a ir pra briga.
14 years ago @ Na Prática a Te... - Férias NPTO · 0 replies · +1 points
14 years ago @ Na Prática a Te... - Verás. · 2 replies · +1 points
14 years ago @ Na Prática a Te... - Verás. · 4 replies · 0 points