Rafael

Rafael

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13 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 2 replies · 0 points

Bem colocado, Moderação. A crítica que você fez à comparação exagerada entre Lula e FDR já estava lá no meu comentário, portanto não preciso me explicar aqui. Há dois grandes pontos da sua crítica ao Singer, porém, que merecem reparo:

- "Quando alguém vai chamar à realidade o tamanho pequenino do bolsa família?" - Certa ou errada, a teoria do Singer comporta a idéia de uma oposição que questiona o valor da Bolsa Família (e dos demais programas sociais, de resto). Se entendi bem o argumento dele, o que muda com o governo Lula é o fato de que a própria existência de programas sociais de transferência de renda deixa de ser questionada. O horizonte dos debates deixa de ser "deveríamos transferir renda para os mais pobres?" para virar "quanto deveríamos transferir?". Isso me leva ao segundo ponto.

- "Já não tinha ninguém importante defendendo o fim do Bolsa Escola" -- este é um erro factual, não de interpretação. Há vídeos no youtube da campanha do Lula em 2002 em que ele ataca frontalmente os programas de transferência de renda. Em vários sentidos, o PT era a única força política no país que tinha disposição e (relativo) apoio para mudar o status quo estabelecido na década de 90, do qual os programas de transferência de renda eram parte. Uma vez que o partido chega ao poder e reforça esse status quo em vez de combatê-lo, temos a cristalização de determinadas práticas políticas no país. É por aí que divirjo do Singer, pois, se o governo do FDR foi de transformação e consolidação, o governo Lula foi de reprodução e consolidação. FDR representou mudança, Lula representou o reforço da continuidade, mas ambos deixaram como herança (e é nessa direção que Singer acerta) um forte enraizamento da atuação do Estado por meio de políticas sociais, de modo que a idéia de sua extinção fica fora do alcance do debate público. Sem o PT para criticar a idéia de transferência de renda, ninguém vai mais fazê-lo.

13 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 0 replies · +1 points

Li seu comentário lá, Clever, e concordo com ele. Não me surpreende o Nassif circular esse tipo de comentário -- não o tenho em alta conta.

13 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 4 replies · +1 points

Haha, "bancários" escapou mesmo. Valeu pelo toque.

Quanto a colocar na direita o pessoal do fisiologismo, podemos discutir os critérios, mas foi isso que fiz mesmo. Não consigo pensar em uma liderança política atual de direita libertária, defendendo no debate público a diminuição do tamanho do Estado brasileiro ou a flexibilização da CLT. O André Singer tem publicado uns artigos defendendo que o governo Lula cristalizou a ajuda social por parte do Estado brasileiro, de modo que esse tema saiu do debate eleitoral -- não tem ninguém importante defendendo o fim do Bolsa Família. Acho um pouco exagerada a comparação que o Singer faz entre o Lula e o FDR, mas a direção me parece correta. A agenda do debate político brasileiro é de centro-esquerda, e aos conservadores tem sobrado, no meu juízo, o papel de garantir seu lugar no Estado e administrar os eventuais prejuízos. Estão desempenhando muito bem.

13 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 7 replies · +1 points

Acho que vamos concordar em discordar, Clever. O poder da direita brasileira após a redemocratização é grande o suficiente para ter barrado qualquer tentativa de reforma importante para o país: ninguém mexe com os interesses dos agricultores; ninguém mexe com os interesses dos bancários; ninguém mexe com os interesses das oligarquias de quatro costados.

Os avanços sociais que o Brasil conquistou nos últimos anos têm um impacto mínimo sobre os interesses mais bem organizados do país. O Bolsa Família, por exemplo, não exigiu qualquer tipo de conflito da parte do Lula: pelo contrário, acabou dando mais uma fonte de poder para os prefeitos de pequenas cidades miseráveis, que controlam o acesso ao benefício. Fora isso, os setores financeiros não estarão preocupados com um benefício de R$60,00 enquanto eles estiverem tendo crescimentos sucessivos de mais de 30% (o país está pulando de alegria por causa de 7% este ano). Esses incrementos marginais de melhoria social brasileira são um preço baixo que os conservadores pagam para que tudo continue como está.

13 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 1 reply · +1 points

Pois é, Edgar, reconheço quão problemático é aplicar a dicotomia esquerda/direita nesse debate, mas esses são os termos nos quais ele se coloca no dia-a-dia e eu fiz um esforço ali de adequação. O exercício de pigeonholing fica muito mais complicado quando você tem que colocar ACM e Gustavo Franco na mesma gavetinha da direita não tanto pelas semelhanças que eles têm entre si quanto pelo fato de eles não caberem na gavetinha da esquerda, mas, se não pudermos mais fazer isso, o melhor é largar de vez esses rótulos e procurar novas maneiras de classificar nossos colegas. As categorias "direita" e "esquerda" têm que dar conta de seus respectivos todos, ou então eles não têm qualquer serventia.

A direita a que me referi é a identificada com o conservadorismo no país, em oposição às forças "progressistas", para dizer assim. Já que estávamos falando de alianças políticas, quero crer que estava clara a exclusão de uma concepção de direita "de corte econômico", que, muitas vezes, se identifica com os objetivos de grupos identificados como "de esquerda", mas diverge de seus meios. É nesse sentido que não posso admitir, de jeito nenhum, que Lula e FHC sejam considerados líderes de duas forças políticas opostas -- admitindo-se o pigeonholing, eu os colocaria na gavetinha da esquerda e só os diferenciaria por adjetivos delimitadores como liberal, social, ou o diabo. Alguns políticos com os quais eles fizeram alianças, entretanto, vão para a gavetinha da direita, e é isso que eu chamei de "distorção de alianças". Lula, Serra e FHC representam, na minha opinião, uma corrente de modernização do país e de superação de condições históricas de atraso social e econômico. Sarney, ACM et alli representam uma força reacionária, que tem se aproveitado muito bem da birra entre seus adversários para perpetuar-se no poder.

13 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 21 replies · +1 points

Vale pela resposta, Clever. Devo dizer que meu argumento para defender a aliança PT-PSDB não é o de que são dois partidos iguais, mas o de que a distância entre eles é menor do que aquela entre PT-PP ou entre PSDB-DEM. A verdade é que na década de 90 a centro-esquerda hegemonizou o debate político brasileiro e, em vez de unirem-se para governar o país, tucanos e petistas passaram a brigar entre si pelo espólio da redemocratização. Minha opinião pessoal é a de que quem tomou essa temerária iniciativa foi o PT, que se recusou a dialogar com o FHC do primeiro ao último dia de seu governo (no debate presidencial de 2002, Lula ainda chamava os programas de transferência de renda do governo federal de esmolas) e o jogou no colo do PFL e das piores alas do PMDB.

Isso me leva à sua afirmação de que "só no Brasil nós temos a esquerda no poder desde 1994". Isso é verdade se pensarmos na presidência da república, que é a parte mais visível do poder. A direita, porém, nunca deixou de governar o país, principalmente no que diz respeito aos cargos de menor visibilidade e grande rentabilidade. Não estou falando de uma direita ideológica, mas das forças mais pragmaticamente reacionárias do país: ACM, Sarney, Calheiros. PT e PSDB têm força para esvaziar o poder desses caras, mas estão muito ocupados decidindo se o pior é ser "terrorista" ou "fujão" (são dois dos melhores quadros do país!).

Resisto, portanto, à sua tese, que de resto é bastante interessante, de que a polaridade PT e PSDB sustenta uma hegemonia de centro-esquerda no pais. A despeito dos avanços dos últimos anos, os governos Lula e FHC -- e suas respectivas alianças distorcidas -- legitimaram e reforçaram o predomínio da direita no comando da máquina pública brasileira. Separados, não tiveram forças para desafiar os "donos do poder" e prestaram um desserviço enorme ao futuro do país. Sobrou mesquinharia e faltou visão estratégica.

13 years ago @ Na Prática a Te... - As Eleições de 2010 · 27 replies · +4 points

Também gostei do discurso da Dilma, e o choro pareceu real. Os grandes problemas que a esperam nos próximos 4 anos são:

- o PT vai querer mais espaço do que teve no governo Lula
- o PMDB vai querer mais espaço do que teve no governo Lula

O Lula está segurando essa bomba desde 2005, pelo menos, e, no que diz respeito à imagem pessoal, lidou muito bem com as consequências do fisiologismo que iam vazando aqui e ali na imprensa. Meu chute é que nos próximos dois anos as denúncias de corrupção virão em ainda maior quantidade e, se a imagem da Dilma não aguentar a pressão, a base vai se desestabilizar e a situação pode ficar bem tensa. Apesar do catastrofismo, creio que seria uma boa oportunidade de PT e PSDB perceberem o mal que essas alianças distorcidas fazem a ambos e se unirem contra o PMDB. Eu sou o primeiro a ir pra briga.

13 years ago @ Na Prática a Te... - Férias NPTO · 0 replies · +1 points

Às ordens, chefe. Até logo.

13 years ago @ Na Prática a Te... - Verás. · 2 replies · +1 points

Quis dizer que uma chapa Serra/Aécio daria muito mais trabalho. O Índio não ajudou nada.

13 years ago @ Na Prática a Te... - Verás. · 4 replies · 0 points

A Dilma fazendo discurso de recém-eleita e os caras gritando "Olê olê olê olááá, Lulaaa, Lulaaa", haha.